A mulher do cemitério

Publicado por em 15 ago 25. Prosas e Contos
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Era por volta da meia-noite e eu estava passando sozinho pelo Cemitério do Boqueirão. Este era o caminho mais rápido e eu já estava exausto.

A rua estava deserta e apenas o latido dos cães quebrava o silêncio da noite. Foi então que ouvi uma voz de mulher chamar. Olhei ao redor e vi uma moça de cabelos pretos dentro do cemitério, junto ao portão. Ela me olhou e, por um instante, senti algo estranho, como se nos conhecêssemos de algum lugar.

Ela pediu ajuda, dizendo que tinha ficado presa ali dentro. Olhei para as grades altas, com aquelas lâminas pontiagudas no topo e fiquei pensando como alguém podia ser esquecido dentro de um cemitério. Mas não pensei muito. Tirei o celular do bolso e liguei para os bombeiros, explicando a situação.

Enquanto esperávamos, tentei acalmá-la. Ela sorria de vez em quando de um jeito estranho, mas eu não conseguia desviar o olhar dela. Havia algo no jeito como me encarava que misturava medo e uma intensidade que me fez tremer.

Poucos minutos depois, antes mesmo de ouvirmos as sirenes, ela sussurrou que havia esquecido algo, mas jamais esqueceria o que eu fiz por ela.

Então, correu na direção das lápides e desapareceu na escuridão. Um instante estava ali, e no seguinte só havia sombras e silêncio.

Quando os bombeiros chegaram, revistaram tudo, mas não encontraram nenhum sinal dela. Nada além da sensação de que alguém me observava, de que alguém me esperava ali, entre os túmulos.

Desde aquela noite, sempre que passo pelo portão, sinto o mesmo frio na pele e a sensação de que alguém está me chamando para entrar.

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