Eu caminho em um deserto,
Observando o horizonte infinito
Que engole o céu sobre mim.
Sinto minha garganta seca,
O gosto da areia me sufoca.
Estou muito cansado para implorar.
Atrás de mim vejo o rastro infinito
Das pegadas que se arrastam por minhas dunas.
Velhos esqueletos esbraquiçados
Se espalham, sem vida, sobre mim.
Os odiosos graus do calor sufocante
Se acumulam e me despedaçam
De fora para dentro e de dentro para fora.
Quando a chuva cai, não é uma benção refrescante.
Tem o gosto salgado do arrependimento e da dor.
As gotas pingam em mim perfurando minhas dunas.
São como um milhão de lágrimas derramadas em silêncio.
Sem o som de nenhuma voz ou clamor.
Ainda assim, me lembro que sou vasto,
E mesmo que me doa, continuo meu caminho.
Eu sempre caminhei pelo deserto.
Eu sempre fui o Deserto.