Era uma tarde ensolarada na floresta amazônica. Um grupo de turistas seguia um guia que lhes mostrava as belezas e os perigos da natureza. Um deles, chamado Carlos, era um homem curioso e aventureiro. Ele se interessava por tudo o que via e ouvia, mas também se distraía facilmente.
Em um certo momento, ele viu uma borboleta azul brilhante voando entre as árvore e decidiu segui-la, achando que poderia tirar uma foto incrível. Assim, se afastou do grupo sem perceber e entrou cada vez mais fundo na mata.
Quando finalmente conseguiu alcançar a borboleta, ele se deu conta de que estava perdido. Olhou em volta e não reconheceu nada. Então, tentou voltar pelo mesmo caminho que veio, mas se confundiu com as trilhas e os sons. Carlos começou a ficar nervoso e a chamar pelo guia e pelos outros turistas, mas ninguém respondeu.
Ele pegou o seu celular e viu que não tinha sinal. Olhou para o relógio e viu que já eram quase seis horas da tarde. Ele sabia que logo iria escurecer e que a floresta se tornaria ainda mais perigosa. Pensou em acender uma fogueira ou procurar um abrigo, mas não tinha nada para isso. Só tinha a sua mochila com água, comida, uma lanterna e uma câmera.
Ele decidiu continuar andando, esperando encontrar alguma estrada ou alguma casa. Caminhou por mais de uma hora, sem ver nada além de árvores, plantas e animais. Durante o caminho, ouviu alguns gritos e rugidos que o assustaram, mas ele tentou ignorá-los.
Quando o sol se pôs, ligou a sua lanterna e continuou a caminhar. Carlos estava cansado, suado e com fome. Por isso, parou para comer um sanduíche e beber um pouco de água. Ele olhou para o céu e viu que a lua estava cheia e brilhante. Pensou que isso poderia ser um bom sinal, pois talvez alguém pudesse vê-lo.
Ele retomou a sua caminhada, mas logo percebeu que algo estava errado. Sentiu um arrepio na espinha e um cheiro forte de sangue e pelo. Então, ouviu um uivo terrível atrás dele e se virou assustado.
Carlos viu uma criatura enorme e peluda correndo em sua direção. Era um lobisomem! Um monstro com dentes afiados e garras enormes. Seu corpo ficou paralisado de medo e ele não conseguiu reagir.
O lobisomem pulou sobre ele e o derrubou no chão. Carlos sentiu as presas do monstro perfurando o seu braço e gritou de dor. Tentou se defender com a lanterna, mas foi inútil. O lobisomem era muito forte e rápido.
Carlos pensou que ia morrer ali mesmo, mas então algo aconteceu. Houve um outro grito, mas desta vez era diferente. Era mais grave e profundo. Era um rugido de fúria.
Ele viu outra criatura surgindo das sombras. Era um Mapinguari! Um ser lendário da floresta, enorme, com uma boca que crescia até o umbigo e pelos vermelhos. O Mapinguari atacou o lobisomem com as suas garras e o arrancou de cima de Carlos.
Os dois monstros começaram a lutar entre si, mordendo, arranhando e rasgando um ao outro. Carlos aproveitou a distração e se arrastou para longe da cena e se escondeu na grama alta e observou a batalha com horror.
Ele não sabia quem iria vencer ou o que iria acontecer depois. Ele só sabia que estava em apuros e que precisava sair daquele lugar.
Carlos ficou escondido por toda a noite, esperando que os monstros se matassem ou fossem embora e rezando para sobreviver àquele encontro macabro. Quando o dia estava prestes a amanhecer, ouviu os gritos e os golpes diminuindo até que se fez um silêncio sepulcral.
Ele se levantou devagar e olhou para o local da luta. Viu os dois corpos caídos no chão, cobertos de sangue e feridas. Ele não sabia qual deles estava vivo ou morto, mas não queria arriscar.
Pegou a sua mochila e a sua câmera e correu o mais rápido que pôde. Não se importava mais com a borboleta ou com fotos. Ele só queria sair daquela floresta maldita.
Ele correu por mais de uma hora, sem parar ou olhar para trás. Ele tropeçou em raízes e pedras, mas não desistiu. Sentiu o seu braço doer e sangrar na ferida aberta pela mordida do lobisomem, mas não se importou.
Finalmente, quando chegou a uma estrada de terra e viu um carro passando, acenou e gritou por socorro. O motorista parou e desceu do veículo. Era um homem de meia-idade, com um chapéu de palha e uma espingarda na mão.
— O que aconteceu com você, rapaz? Você está ferido! — ele perguntou.
— Por favor, me ajude! Eu fui atacado por um lobisomem e um mapinguari! Eles estavam lutando entre si e eu consegui escapar! — Carlos disse.
Um lobisomem e um mapinguari? Você está louco? Isso não existe! — o homem disse. — Mas venha comigo, vou te levar para a cidade mais próxima e te levar ao hospital. Você precisa de cuidados médicos urgentes.
Carlos sentiu algo estranho na voz do homem. Ele olhou para ele com mais atenção e percebeu que ele também estava machucado. Tinha arranhões profundos no rosto e no pescoço, e um curativo no braço.
Carlos ficou intrigado e perguntou:
— O senhor também foi atacado por algum animal?
O homem hesitou por um instante e depois respondeu:
— Sim, sim. Foi um… um… um jaguar. Um jaguar muito feroz. Ele me surpreendeu quando eu estava caçando na floresta. Mas eu consegui espantá-lo com a minha espingarda.
Carlos se lembrou de que o lobisomem tinha uma mordida no braço, no mesmo local do curativo do homem e poderia jurar que sentia o mesmo cheiro de morte que havia sentido na floresta. Seu corpo todo doía e ele sentia que iria desmaiar a qualquer momento.
Em suas últimas forças olhou para o motorista e, por um breve instante, viu seus olhos brilharem em um tom amarelado. Ele sentiu um calafrio na espinha e pensou em fugir do carro, mas estava muito fraco e machucado para isso.
Carlos acordou dias depois no hospital de uma cidadezinha. Já tinha sido localizado por seu grupo. Ele não sabia com certeza se o que viveu foi real ou uma alucinação. Mas, quando a lua cheia apareceu no céu no mês seguinte, o homem sentiu uma vontade enorme de correr pelas ruas e caçar.
