O caminho da autopublicação

Publicado por em 17 jan 19. Eventos
Tempo estimado para leitura: 7 minutos

Pilha de livros sobre uma mesa de madeira
Nos últimos 6 meses aprendi muito sobre o universo dos livros. É bastante interessante porque são coisas que eu já tinha visto milhares de vezes, mas nunca tinha parado para realmente olhar para elas.

Quero aproveitar este texto para compartilhar com vocês um pouco do que estou aprendendo.


Fazer um livro vai muito além de “escrever o livro”

Eu tenho a história de Anicejara e a Pedra do Trovão na minha cabeça há uns 10 anos mais ou menos. Quando ela surgiu, a ideia era produzir um jogo. O título seria O Senhor do Fogo (que é uma tradução livre para o nome Anicejara).

O problema é que fazer um jogo necessita de uma equipe relativamente grande e muitos recursos, então a história ficou encubando na minha cabeça, enquanto eu procurava parceiros para realizar o tal game. Isso acabou me dando tempo para conhecer bem a história e os personagens.

Assim, escrever o livro foi a etapa mais fácil: eu escrevi a história em aproximadamente 15 dias, era quase como se eu estivesse assistindo o desenrolar dos acontecimentos e simplesmente passando para o papel.

Foi então que eu descobri que, para que essa história fosse um livro, eu precisaria de muito mais do que escrever.

Para o livro “ser um livro” eu precisava:

  • Primeiro, de uma arte de capa, uma arte para o nome, diagramar o texto. Essa parte eu poderia fazer na Mundodrigo, apesar de ter precisado estudar um bocado sobre as técnicas para desenvolver essas atividades
  • Depois, de uma revisão profissional do texto. Neste caso foi fácil, pois sou casado com uma incrível professora/revisora (apesar de ela ter tido muito trabalho)
  • Também de ilustrações para enriquecer a narrativa. Aqui fiz um acordo comercial com o Marcilio de Jesus, que faria as ilustrações em troca de participação nas vendas dos livros.

Ok! Eu consegui chegar até aqui “sem gastar nada”, pelo menos sem gastar dinheiro.

Mas o livro precisa ser vendido e para isso eu precisaria:

  • Que pessoas lessem o texto e me dessem feedbacks do que precisava ser alterado. Passei o manuscrito para alguns amigos de diferentes idades, mas que eu sabia que tinham ligação com diferentes formas de literatura. Consegui até um review incrível da Serial Nerd.
  • De uma editora para publicar o livro. E aqui começou mais uma jornada de aprendizagem.

Autopublicação

Desde o início do projeto, eu havia pensado em lançar o livro por uma editora de autopublicação, isto é, uma editora que faz tiragens pequenas de livros, ficando toda a responsabilidade editorial por conta do autor. Editoras tradicionais, costumam fazer tiragens de 500 ou 1000 exemplares, isso torna o custo da impressão mais barato, mas também aumenta o risco de ficar com um estoque imenso de livros empoeirando por aí.

Eu também não queria uma editora tradicional, porque eu queria manter o controle do projeto. A ideia de fazer o livro é parte de uma atividade com minhas filhas. Em 2017, fizemos um jogo simples de computador para conversarmos sobre lógica, cálculos, física e teoria da diversão. Fazer um livro, nos proporcionaria falar sobre texto, estilo, arte e mais uma porção de coisas.

Bem, o importante é que estava claro para mim que eu faria o livro em uma editora de autopublicação. Conheci duas grandes empresas que realizam este tipo de atividade e comecei a estudar em qual eu faria o lançamento.

Mas tudo tem dois lados; se por um lado manter o controle do projeto me proporcionava a liberdade de trabalhar com ele e aprender junto com minha família, por outro, todo o trabalho de editoração seria nosso. Inclusive muitos dos passos que citei antes, eu fui aprendendo com essas empresas.

Entre estudos e muito trabalho, e contando com muitos amigos, entre agosto de 2018 e janeiro de 2019, eu já havia conseguido deixar “o livro com cara de livro”. Recebi as ilustrações, o texto foi corrigido profissionalmente, tive bons feedbacks para melhorar a história, criamos as artes de capa e diagramamos o livro.

Mas faltava o ISBN para que o livro pudesse ser comercializado e, como eu não tinha um editor trabalhando comigo, eu é quem precisava fazer isso. Estudei mais um bocado sobre como funcionava o cadastramento de ISBN. Pensei em fazer o livro sem o cadastro, voltei atrás, mudei de ideia de novo e, enfim, seguindo este tutorial do Clube de Autores, fiz o cadastro.

Neste processo todo de autopublicação tinha mais uma coisa me incomodando: o preço do livro.

Fazer o livro nessas empresas era muito tentador porque a impressão e a venda acontecem por conta delas. Assim, eu não teria custos, bastava divulgar o livro e o leitor compraria “direto da gráfica”. O problema disso é que, mesmo com uma margem muito pequena de lucro, o livro teria um preço de capa acima de R$30,00.

Tudo bem, não é um valor absurdo. É um valor médio para livros, mas não era o valor que eu queria vender o livro. Eu queria que meu livro fosse mais acessível, tanto em seu conteúdo quanto no valor de capa.

Então decidi que a autopublicação seria autopublicação mesmo e comecei a procurar orçamentos com gráficas.

A primeira dificuldade foi encontrar gráficas que fizessem impressão de livros. O equipamento para encadernação do livro e também para fazer a capa é bastante específico. Os primeiros orçamentos eram muito acima do valor das editoras de autopublicação

Foi bastante trabalhoso, até que conseguimos encontrar uma gráfica que cobria o orçamento inicial que tínhamos em mãos, mas valeu a pena, o preço de capa ficou menos de R$25.

Só isso?

Agora estamos fechando as condições para impressão. Ainda falta aprovar a qualidade da impressão. Mas já é possível dizer que temos um livro pronto.

Só que descobri que há mais uma etapa: vender o livro.

E para essa etapa é preciso boa divulgação, fechar parcerias com lojas e livrarias, criar eventos… Enfim, já percebi que vem aí uma nova jornada.

Em breve, novidades…

Comente

*
*